Em Ligadas Pelo Desejo, o tema inicial também é o da paixão. Violet (Jennifer Tilly, indicada ao Oscar de melhor atriz-coadjuvante por Tiros na Broadway, de Woody Allen, há dois anos) é a mulher de Ceasar (Joe Pantoliano), um lavador de dinheiro da máfia. No início do filme, ela conhece, no elevador do prédio onde mora, uma bonita mulher. O nome dela é Corky (a bonita e talentosa Gina Gershon, revelada por Paul Verhoeven em Showgirls), uma presidiária que agora trabalha fazendo consertos em apartamentos. Nos primeiros minutos, assistimos ao início do relacionamento das duas mulheres: o jogo de sedução, a corte - e o sexo, obviamente. Desde a primeira imagem - sem falar nos créditos, que lembra Os Intocáveis, de Brian DePalma, os irmãos Wachowski dão um show de virtuosismo técnico, explorando ao máximo as possibilidades da grande angular, das tomadas de cima para baixo e do big close up.Mas a história de Ligadas pelo Desejo, surpreendentemente, muda logo de rumo quando as duas mulheres tramam roubar mais de US$ 2 milhões da máfia, que está com o lavador Ceasar. A partir daí, o enredo sofre reviravoltas constantes, deixando o espectador atônito. Além do roteiro bem sacado, os irmãos Wachowski demonstram um talento visual bem próximo ao de Quentin Tarantino e dos - coincidentemente - irmãos Coen, particularmente de Gosto de Sangue, a flamboyant homenagem ao film noir dos rapazes de Minesotta, que também marcou a estréia deles no cinema. Repare na cena em que um gângster é assassinado no meio de uma grande poça de tinta branca. Impossível não lembrar dos brothers Coen. Repare na cena em que os gângsteres se confrontam e três deles morrem. Impossível não lembrar de Quentin Tarantino. E até mesmo o final que você manja desde o começo, na verdade, um happy end, é surpreendente e cai bem no clima do filme.
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